“Ver o Peso”, na verdade deveria ser “Ver de Novo”, revisitar, ver novamente; Este foi o objetivo desta “expedição”. O roteiro foi traçado com base em viagens que fizemos anteriormente, trechos de carro e outros de avião. Iniciamos pelo litoral da Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará e Piauí de onde partimos pelo interior do Maranhão até chegarmos a Belém. O retorno foi pelo nordeste paraense, oeste maranhense, centro-norte piauiense e finalmente sertão pernambucano e litoral das Alagoas (Maragogi), que se tornou local de celebração de nossos passeios. Espero que gostem das fotos!
Soterópolis do grego Cidade de Salvador, daí o Soteropolitano para aquele que nasce em Salvador Bahia. Fundada como São Salvador da Bahia de Todos os Santos, em homenagem a Jesus Cristo pelos católicos portugueses, a cidade é plural. Não se explica; Salvador se degusta, se experimenta, as pessoas dançam no seu circular do dia a dia. A cidade é leve e ao mesmo tempo intensa. Temperadas são suas nuances, sorrisos na maioria dos semblantes, olhares curiosos em outros, tristezas são raridades. Na verdade Salvador é Cosmópolis.
Primeiro local de desembarque da frota portuguesa no que viria a ser o futuro Brasil, Porto Seguro é o lugar ideal para começarmos a “explorar” toda a Costa do Descobrimento. Com mais de duas dezenas de praias e uma ótima infraestrutura turística (hotéis, pousadas, resorts, bares, restaurantes e aeroporto internacional), torna-se o point ideal para conhecermos este lado da Bahia. Fundada em 1526 e tombada como patrimônio nacional a cidade histórica preserva em seu casario e igrejas toda a ação colonizadora da época. Na praça da misericórdia encontramos o mais antigo monumento do Brasil, o Marco da Posse trazido pela expedição de Gonçalo Coelho em 1503. Igreja de Nossa Senhora da Peña de 1535, Museu de Porto Seguro instalado no prédio onde funcionou a Casa de Câmara e Cadeia no século XVIII. Ao lado das ruínas do Colégio dos Jesuítas de 1551, encontra-se a Igreja de São Benedito datada de 1549. Na orla no centro, está a Passarela do Álcool repleta de restaurantes, botecos, lojas e onde você pode degustar o mais tradicional e típico drinque de Porto Seguro “capeta” feito com vodca ou cachaça, frutas, guaraná em pó e canela.
Assim como o Arraial D’ajuda seu vizinho, Trancoso é distrito de Porto Seguro e segundo o Almirante Max Justo Guedes referência em História Naval e Cartografia Nacional, foi no Rio dos Frades em Trancoso, que a esquadra de Pedro Álvares Cabral desembarcou em 22 de abril de 1500, tomando posse do Brasil em nome de Portugal. Da aldeia jesuíta de São João dos Índios até ser descoberta pelos “Hippies” em 1970, Trancoso passou a ser um dos importantes destinos turísticos do litoral da Bahia.
Partindo de Porto Seguro o Arraial d’Ajuda é acessado através de balsa, em mais ou menos 10 minutos de travessia. A origem do povoado envolve várias versões: O Arraial de Nossa Senhora foi uma homenagem a Tomé de Souza, utilizando-se do nome de suas três naus, Conceição, Salvador e Ajuda, que dariam nome as suas igrejas e posteriormente a seus povoados e cidades. *O milagre d’água, “água que milagrosamente jorrou de uma fonte, fora do frontispício da igreja, ao pé de uma frondosa árvore, quando o Padre Francisco Pires celebrava ali o santo sacrifício da missa”o Padre Simão de Vasconcelos em 1864 escreve: “Um lenhador, habitante de um rancho calmoso à aureola da costa, subindo certo dia o ápice da montanha, de repente topou surpreso em um calhau; era a milagrosa santinha. Tornando-se um ermitão, peregrinava em torno, fazendo curas milagrosas, cujos proventos se destinavam ao levantamento de uma igreja, a que deu o nome de Nossa Senhora d’Ajuda”. Outra lenda: “vendo um irmão um tronco de uma árvore muito grande junto à ermida, pediu a Nossa Senhora o milagre de lhe dar água naquele lugar. Padre Nóbrega, que estava presente disse: “mais podia a Senhora”. Quando todos foram à missa, no meio do santo sacrifício, arrebentou de súbito um grande jorro de água no lugar assinalado no tronco da árvore, junto ao altar de Nossa Senhora”. Nos anos 70 o Arraial virou alternativa para muitos jovens em busca de uma nova sociedade, fundamentada em comungar suas experiências junto a natureza. Conta hoje com uma ótima estrutura que atende praticamente a todos os perfis de turismo.
Seu belo casario, suas ruas de muitas histórias e seus ilustres cidadãos, faz de Cachoeira um museu vivo nos dias de hoje. Tudo muito bem preservado nos faz viajar no tempo. Considerada Monumento Nacional pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional,“Cidade Heroica” pela sua participação na luta pela independência como sua irmã São Félix na outra margem do Paraguaçu, Cachoeira é riqueza histórica e cultural não só para os baianos, como para todos os brasileiros. Entre os vários pontos turísticos destacamos a Irmandade da Boa Morte, hoje centro cultural afro – brasileiro, mas que no passado reunia escravas alforriadas, com o objetivo de libertar outros escravos. O Museu do Cinema Roque Araújo, iniciativa do cineasta Roque Araújo, com um acervo de tecnologias analógicas muito importantes para o conhecimento das gerações futuras e para os mais idosos como um retorno aos tempos de infância e juventude. A casa onde nasceu Ana Néri (Anna Justina Ferreira Nery), enfermeira que ficou conhecida como “mãe dos brasileiros” pela sua atuação na guerra do Paraguai junto ao exército brasileiro. São também atrativos de Cachoeira as festas do Aniversário em março, do Divino em maio, São João em junho, Nossa Senhora da Boa Morte em agosto, Flica (Festa Literária) em outubro. Boas pousadas e restaurantes lhe garantem uma boa estadia em Cachoeira.
Situada as margens do rio Paraguaçu, ligada a cidade de Cachoeira pela Ponte Imperial D. Pedro II e distante aproximadamente 117 Km de Salvador; “São Félix do Paraguassú” de aldeamento Tupinambá até torna-se cidade, sofreu várias intervenções. Desde franceses, portugueses e holandeses, foi finalmente, bravamente defendida desses invasores pelos sanfelixtas, nos movimentos de independência e posteriormente no Movimento Federalista Popular. De importante porto para escoamento da produção do campo para província, também era acesso para as minas do interior. Teve seu desenvolvimento diretamente ligado a indústria fumageira e hoje é possível uma visita guiada muito interessante, a fábrica de charutos Dannemann (Centro Cultural Dannemann – grupo suíço Burger), onde temos a oportunidade de conhecer todo o processo de fabricação, desde a escolha do fumo até o controle de qualidade para entrega do produto aos consumidores.
Sua história remonta a colonização, quando era conhecida como Porto das Laranjeiras. O pequeno povoado sofreu durante a invasão holandesa, só recuperando sua importância após a expulsão dos mesmos. Suas capelas, igrejas e casario são um rico patrimônio, testemunho vivo da história de todo o povo sergipano. Em Laranjeiras também se encontra o campus da Universidade Federal de Sergipe, com os cursos de Arqueologia, Arquitetura e Urbanismo, Dança, Museologia e Teatro. Estratégia inteligente e de suma importância para manutenção e preservação deste sítio histórico.
Compondo a Costa dos Coqueiros no litoral norte da Bahia, a praia de Porto de Sauípe é de fato um lugar para se aportar. Boa estrutura turística, restaurantes, hotéis, pousadas e acesso fácil por estrada asfaltada. Vale a pena conferir a generosa moqueca de camarão do restaurante da Pousada Porto Sauípe Praia Hotel e desfrutar das suas belas praias.
Calango Viajante 